terça-feira, 5 de outubro de 2010
Mineiras.
O sotaque das mineiras deveria ser ilegal, imoral ou engordar, ja que tudo que é bom, tem um desses horríveis efeitos colaterais, como é que o falar lindo e charmoso ficou de fora? Por que Deus, que sotaque!
Mineira devia nascer com uma tarja preta avisando: Ouvi-la faz mal a saúde. Mineira não usa perfume e cheira gostoso demais. O jeito irresistível que a mineira tem para conversar no portão, sem encarar nos olhos e mexendo com os botões da nossa camisa é que nos conquista. Essa sabedoria não se aprende em nenhuma universidade.
Mineira não paquera, espia. Não fica bonita, já nasce formosa. Mineira não curte um som, ouve música. Não fala, proseia. Mineira não come estrogonofe, mas adora um picadinho de carne. Não liga pra ninguém, mas telefona pra todo mundo. Mineira ama diferente. Flerta de longe, promete com o olhar e cumpre tudo o que não precisou esclarecer com palavras. Ela sabe que amor não é para discursar, é pra fazer. Ama com os olhos, com as mãos, com o sorriso, com os gestos. Mineira ama com o corpo inteiro e com toda a sofreguidão da alma. Só as mineiras têm essa paciência de construir sem pressa uma teia de aconchegos e mimos e lembranças e sorrisos.
Existem coisas que já nascem com a mulher e muitas destas coisas estão diretamente ligadas ao lugar. Mineira faz doce como ninguém neste país. Quem já provou doce de cidra ou de leite feito por mineira, sabe o que é bom. Goiabada e marmelada, nem se fala. Queijo então é até pecado comparar. Mineira estuda menos e ensina mais porque o que há de melhor ela já nasceu sabendo. Isso se deve à simplicidade das mineiras que se embelezam com bijuterias e ofuscam o brilho de jóias raras.
Mineira vai à igreja, assiste missa, comunga, mas por via das dúvidas toma um passe de candomblé e joga rosas vermelhas pra Iemanjá. Assim descobre caminhos que levam à Deus. Também faz política, porque sempre sabe distinguir o certo do errado. Escondida por trás da simplicidade de toda mineira está uma guerreira pronta pra lutar pelo Brasil. Dizem mesmo nas Gerais que é a mulher quem ensina o homem a ficar rico. Mineira não é feminista: é feminina. Mulher, quando casa com homem rico, vira madame. Mineira vira esposa
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